Entrevistas

Distinção vital

A melhor síntese de Maria Augusta Gomes de Campos, de 70 anos, é feita por ela própria ao usar a metáfora expressa na nova versão do velhinho da Oficina da Memória: “Sabe aquele bonequinho que aparece agora no nosso site, eu estava assim, me sentindo pra baixo, mas logo depois de começar na Oficina da Memória, há 15 anos, fui ficando de pé e estou de pé até hoje”.

Para Maria Augusta, a Oficina da Memória foi a sua tábua de salvação, pois nela encontrou a chave para manter o interesse pela vida, principalmente depois de ter criado os filhos e descoberto ser portadora de uma doença sem cura.

Com o que aprendeu na Oficina da Memória, Mª Augusta conseguiu reverter o vaticínio de que viveria em uma cadeira-de-rodas – aparelho que usa apenas em passeios mais longos, demorados – e passou a fazer uma distinção vital: “Eu tenho uma doença, mas não sou doente”.

Nessa entrevista, saiba porque a Oficina da Memória transformou a vida de Mª Augusta, a partir dos 54 anos.

OM – Como a senhora descobriu a Oficina da Memória?
Mª Augusta – Através de uma amiga, Gilda Cineli, que participava comigo de um curso sobre Atualização da Mulher, no Clube Municipal, mas que nunca podia ir às quintas-feiras, porque tinha Oficina da Memória neste dia. Fiquei curiosa e procurei saber com ela do que tratava a Oficina e acabei entrando também.

OM – Você entrou para a Oficina da Memória apenas por curiosidade ou porque estava precisando?
Mª Augusta – Eu estava atravessando uma fase difícil da minha vida, às voltas com a notícia da descoberta de uma doença, a distrofia muscular de cintura e braços, e ter ido para a Oficina foi muito bom.

OM – Por quê?
MªAugusta – A Oficina da Memória foi a minha tábua de salvação. Sabe o que aconteceu comigo, depois de ter entrado para a Oficina da Memória? Foi a mesma coisa que aconteceu ao bonequinho que está no nosso site. Estava pra baixo, me sentindo mal, mas com o tempo, com a convivência e os ensinamentos aprendidos lá, fui me levantando, me ergui e estou de pé até hoje.

OM – Quais foram os principais ensinamentos obtidos ?
Mª Augusta – O de nunca perder o interesse pela vida, pois na Oficina da Memória se aprende a viver, mas viver mesmo, de forma integral, melhorando a nossa auto-estima, fazendo ver que a pessoa não deve parar de viver apenas porque está ficando mais idosa.

OM – Além de você estar de pé, se sentindo bem, que outro exemplo pode ser dado como efeito da Oficina?
Mª Augusta – Estou com 70 anos e tenho uma memória ótima, além de a Oficina ter me ensinado a olhar para mim. Isto me levou a ter constituído um grupo de amigos, o que é fundamental para mim, pois até então eu era uma máquina de trabalho, cuidando da casa e dos quatro filhos.

OM – E do ponto de vista físico, o que a Oficina da Memória lhe proporcionou ?
Mª Augusta – Como a Oficina da Memória prioriza a cabeça, a qualidade de vida, vi gente que chegou mal e tempos depois estava se sentindo ótimo, participando ativamente, fazendo curso de teatro, por exemplo. No meu caso, com a cabeça no lugar, aprendi que eu tenho uma doença, mas não sou doente. E quando sinto que o corpo não está querendo colaborar muito, recorro à Drª Tania Guerreiro e ela me receita pílulas da homeopatia que me levantam. E assim eu vou vivendo: moro sozinha, faço tudo e as muletinhas estão ali apenas para serem usadas quando forem indispensáveis, assim como a cadeira-de-rodas, que uso somente em passeios mais longos, como em shoppings.

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